é noite
mas eu insisto em virar cambalhotas no ar
não quero dormir
como criança mimada
quero dar gargalhadas
dos pulos que a cama de meus pais me favorecem dar
viro no ar
viro do avesso
e esqueço
do mundo confuso
tristezas da alma
do escuro
coração apertado
do jiló no prato
do joelho ralado
do cabelo cortado
do sapato no pé
e pulo adoidado
querendo escapar
não quero saber
como se fere um coração
quem inventou a dor
e deixou a lágrima rolar
sem ser de alegria
de tanto rir
de um susto bem dado
hoje vou deixar
minha camiseta sujar
de tinta
de barro
cair na chuva
e nela me banhar
e dizer que serei sempre criança
se a esperança em mim não acabar.
....por Nina Machado
